Elysium e a critica social do cineasta Neill Blomkam


   Fui assistir a Elysium com uma expectativa grande e não sai decepcionado. Elysium é um daqueles filmes que conseguem criticar a nossa sociedade atual, sem necessariamente se passar na atualidade, não é um feito novo para seu diretor, o jovem e talentoso Neill Blomkamp, diretor do fantástico Distrito 9.
   Em Elysium conseguimos ver uma sociedade futurista, em que a terra se tornou um lugar sub-habitável, superpovoado e com alto índices de crime e desemprego ( isso não é novidade). Mas isso na terra, porque flutuando um pouco acima da atmosfera terrestre está um lugar chamado Elysium, um lugar em que os problemas comuns da terra não existem, em que o ar é bom e a vista é muito agradável, e o mais importante de tudo, há um avançado sistema de tratamento a doenças, que trata todos os tipos de males instantaneamente. Mas morar nesse lugar tem um preço e alto.
   Elysium é um local para privilegiados, a imensa maioria dos habitantes da terra tem que conviver apenas com o ônus dos avanços tecnológicos sem poder desfrutar dos bônus. E dentro desse ônus está a relação com os órgãos governamentais. Não vemos mais pessoas fazendo segurança, e sim robôs. Robôs vigiando, revistando, batendo. Quando o personagem principal (Matt Damon) vai consultar seu auxiliar de condicional, o mesmo é um robô, então vemos que as pessoas não tem mais outras pessoas a quem recorrer para fazer suas intermediações frente ao governo, apenas seres não subjetivizados.
  Claro que naturalmente o sonho da maioria das pessoas é poder ir viver em Elisyum, ou, pelo menos, poder desfrutar de seus avanços tecnológicos para poder buscar a cura de suas doenças, quem é cidadão de Elysium não permite que isso aconteça. Uma das cenas mais chocantes do filme se dê logo no inicio, quando o personagem vivido pro Wagner Moura (em sua estreia no cinema hollywoodiano) envia três naves cheias de passageiros, em sua maioria mulheres e crianças, para entrar no solo de Elysium clandestinamente e a representante do governo de Elysium autoriza a destruição das naves. Duas são destruídas, e os tripulantes da terceira, ou são mortos ou são presos.
   . E aí, que reside a verdadeira critica do cineasta: da segregação das pessoas com menos recursos, a mão-de-ferro na qual alguns governos tratam a sua população, o estado que presta acessado privilegiado a serviços pelas pessoas com mais recursos, enfim no geral uma critica a nossa sociedade que nega a uns o que oferece em grande escala a outros.
   A fábula que Elysium cria é muito rica e nos traz personagens que representam muito bem toda a situação das nossas repressões cotidianas. E creio que um dos mais personagens  mais emblemáticos seja o mercenário Kruger (Sharlto Copley) Kruger vive na terra, sofre todas as mazelas que os demais cidadãos sofrem, mas em troca de benefícios acaba agindo sadicamente a mando da representante do governo de Elysium. Kruger faz o trabalho sujo e não está nem ai para o contexto do que está acontecendo, suas vantagens individuais são suas prioridades e está disposto (com muito sucesso) a eliminar quem entrar no seu caminho, não sabendo o pobre infeliz que alimenta o próprio sistema que o segrega também. Enfim, Elysium é um filme que vale a pena, tanto como arte, tanto como crítica.
    





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